Andre Felipe Neves

Na década de 60 a VASP contava com uma frota obsoleta e precisava urgente de uma renovação, devido a novas tecnologias e o aumento da demanda. Enquanto as suas principais concorrentes, Cruzeiro e Varig já operavam com jatos, a VASP ainda se via na era da aviação a pistão. Isso obrigou a estatal paulista a buscar um novo avião. A VASP se viu interessada no 727, mas acabou escolhendo o 737, pois ele não oferecia restrições aos vôos nacionais. Devido à intervenção do DAC nas empresas aéreas, apenas a Varig era autorizada a comprar aviões da Boeing, com isso, a vinda do 737 para a Vasp foi vetada. Sem outra alternativa, a VASP resolveu adquirir dois BAC 1-11, de menor capacidade e desempenho, mas nunca desistiu de ter o 737. O Boeing 737 não chamou a atenção da Varig, que optou pelo 727-100 para as suas rotas domesticas. Devido à rejeição da Varig, e de muita luta por parte da direção da VASP, ela finalmente conseguiu a autorização para trazer o avião para o Brasil. Os quatro primeiros 737-200(PP-SMA, SMB, SMC, SMD) foram apresentados ao publico com uma grande festa no aeroporto de congonhas, no dia 18 de julho de 1969 pois se tratavam dos primeiros 737-200 na America do Sul. A vinda desses aviões representou uma nova era não só para a VASP, mas também para toda a aviação comercial brasileira, devido ao aumento significativo de tecnologias e de conforto e segurança para o passageiro. Um fato curioso é que , quando da chegada dos modelos 737-300, devido a uma novela de sucesso no Brasil  o modelo 200 ganhou o apelido de “Brega”, ficando “chique” para o modelo mais moderno. Posteriormente ficou sendo carinhosamente chamado de breguinha, apelido como é conhecido entre os entusiastas. O SMA se manteve em operação continua de 1969 ate 2004(um recorde na época), recebendo vários reforços estruturais na fuselagem, transportando milhares de passageiros e pousando em inúmeros aeroportos pelo Brasil. Por fim, em setembro de 2004, o DAC determinou a suspensão, por motivos de segurança, de oito aeronaves da VASP, estando o SMA incluso na lista. Nesta época era o 737 a voar por mais tempo em uma única companhia aérea. A VASP tinha que cumprir todas as diretrizes de aeronavegabilidade estabelecidas pela Boeing, mas como a empresa estava em uma situação financeira deplorável e beirando a falência, ela se viu obrigada a armazenar esses aviões. O PP-SMA foi mandado para uma área remota no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, onde ele teve seus motores e diversos componentes removidos, restando apenas uma pintura da bandeira do Brasil e a sua matricula. Hoje ele se vê em uma situação muito triste para todos os entusiastas, abandonado e deixado ao tempo, esperando uma solução sobre seu destino final. Por decisão da justiça brasileira o PP-SMA está em leilão juntamente com outros aviões da VASP espalhados pelo Brasil. Essa decisão gerou muita especulação em torno do destino da aeronave, sendo desejo de quase todos os entusiastas que o Museu Asas de um sonho, da TAM, viesse a adquiri-lo, mas infelizmente não há interesse devido ao alto valor de seu transporte e recuperação.  A nós entusiastas, spotters e demais apaixonados pela aviação cabe apenas esperar, e torcer para que esse pioneiro na aviação brasileira não tenha um fim trágico nos depósitos de ferro velho e receba o seu tão merecido descanso em destaque, restaurado em suas cores originais de 1969, mantendo assim uma importante página de nossa história.