Reinaldo Neves
Acordei hoje rejuvenescido após nove horas de um sono reparador. Após um dia inteiro fotografando o Show Aéreo no MUSAL, debaixo de um calor de 42 graus, junto a um público de 54 mil pessoas fui dormir exausto. Mas a manhã me reservou uma grata surpresa: Eu estava hospedado no Cassino dos Oficiais na UNIFA (ao lado do MUSAL) e durante o café da manhã tive o prazer de conversar com alguns pilotos da Fumaça, que também se encontravam hospedados. O legal nestas horas é que quando o assunto é aviação e acrobacias o papo se estende e por uns bons vinte minutos pude conversar sobre a nova etapa que está se iniciando, um novo vetor, adaptação de pilotos e mecânicos e um horizonte de grandes desafios.
O A-29, como caça leve, projetado para as agruras de um combate aéreo possui diversas peculiaridades que tornam sua manutenção algo bem diferente e mais trabalhoso que o T-27. Equipamentos maiores, mais pesados, uma estrutura mais reforçada, uma necessidade natural de um avião de combate, o que exigirá um grande trabalho técnico de adaptação dos mecânicos. E, adicionalmente, uma maior necessidade de um avião de apoio. Os pilotos, por sua vez, estão confiantes e felizes com esta oportunidade única em suas vidas, que será a de preparar e/ou adaptar um novo display para o novo avião e que será um legado para os próximos fumaceiros. Nos próximos meses iniciarão uma árdua rotina de treinamentos, quando terão de “esquecer” o Tucano T-27, aeronave que dominam na palma da mão e recomeçar em seu irmão mais novo e maior, aparentemente igual, mas só na aparência: é outra aeronave, outro envelope de vôo, outros limites… e baixa tolerância ao erro! Mas seguindo o legado deixado pelos antigos fumaceiros é certo afirmar que cumprirão com louvor esta etapa.
Os cuidados sobre a preservação histórica das aeronaves me revelaram uma excelente novidade: Dois Tucanos T-27 já foram selecionados e ficarão expostos na Academia, um deles pintado nas cores originais, vermelho e branco e o outro nas cores atuais. E completando a história da Fumaça a eles irá se juntar um Fouga Magister, doado pelo governo da França, aguardando seu translado. No futuro, quando visitarmos a Academia poderemos ver um exemplar de cada modelo que um dia participou deste Esquadrão disseminador da paixão de voar pelo Brasil e pelo mundo!
Vida longa ao EDA !